terça-feira, 5 de outubro de 2010

Rossi e o Pé fora do Pedal

No mês de Junho passado, na postagem sobre a MotoGP em Silverstone, eu escrevi:

"Vamos falar um pouco sobre a novidade introduzida pelo Rossi há algumas corridas - aquela coisa de tirar o pé do pedal interno imediatamente antes de mudar a direção da moto para tomar uma curva. Eu, pessoalmente, tenho a impressão que é mais uma gozação do Valentino. Só para mexer com a cabeça dos outros pilotos, e fazê-los adotar uma técnica que não tem nenhum resultado objetivo. Aliás, se não me engano, foi o próprio engenheiro-chefe do Rossi que cronometrou as voltas em que ele tirava o pé do pedal, e as voltas em que ele não tirava o pé do pedal, para conferir se havia alguma diferença. Não havia."

Muito bem - eu continuo sem entender a possível vantagem de tirar o pé do pedal interno imediatamente antes de mudar a direção da moto para tomar uma curva. Mas revendo a sensacional batalha entre Rossi e Lorenzo pelo 3º lugar no Japão, eu confirmei a impressão (que tive ao assistí-la pela primeira vez) que durante a disputa o Valentino usou e abusou da brincadeira de tirar o pé do pedal. Em certos momentos, inclusive, quase raspando o pé no asfalto, o que se acontecer pode resultar em um sério desequilíbrio da motocicleta. E notei também que ele faz isso com mais frequência e exagero com o pé direito. O pé que aciona o freio traseiro.

Não vou aqui repetir a análise que fiz desta "técnica" na postagem mencionada acima. Mas peço que, se alguém tiver alguma idéia do porquê ele faz isso (enquanto o Lorenzo, quase ou tão talentoso quanto ele, pilotando uma moto praticamente igual, não faz), me ajude a entender o possível benefício de um procedimento perigoso que, se for imitado por pessoas com menos talento que um piloto profissional de MotoGP e em um pavimento menos regular do que o de uma pista de competição de nível internacional, pode resultar em um grave acidente!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Bienal do Livro x Manual do Motociclista

A experiência com o lançamento do Manual do Motociclista na Bienal do Livro foi muito interessante. Mas pudemos perceber, o editor e eu, um problema que já vinha chamando nossa atenção há algum tempo, e que foi possível comprovar na Bienal.

O brasileiro, e os jovens em especial, rejeitam "Manuais". Entendem que são publicações que tratam de aspectos elementares/básicos (no sentido negativo) a respeito de determinado assunto - algo que todo mundo sabe, ou deveria saber, e se alguém não sabe é porque é bobo. Isso se aplica a qualquer manual - de carros, motos, aparelhos eletroeletrônicos, e até de computadores. O "esperto" é não ler o manual - isso é coisa p'ra trouxa.

Quando eu conseguia explicar o conteúdo do Manual do Motociclista para um visitante na Bienal, ele invariavelmente se surpreendia e se interessava, muitas vezes comprando o livro em seguida. Mas a reação inicial era sempre "eu não preciso um manual sobre motociclismo, ando de moto há 2, 5 ou 10 anos"! E ao longo da conversa, ficava claro que havia muito que ele não sabia, e que o ajudaria muito se soubesse.

Confesso que nesse caso fui traído por minha formação norte-americana - nos Estados Unidos, um dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos é a série "The Complete Idiot's Guide to ..........". São centenas de manuais, muito detalhados e muito bem escritos por reconhecidos autores sobre cada disciplina, que esclarecem e orientam os leitores sobre um abrangente conjunto de assuntos, como por exemplo Astronomia, Teoria Musical, a Nova Ordem Mundial, e muitos outros. Incluem desde temas cotidianos (Como Escrever Criativamente) até matérias complicadíssimas (a Teoria das Cordas, uma teoria ainda em desenvolvimento sobre a física de partículas que procura reconciliar a mecanica quântica com a teoria da relatividade geral).

Todavia, o exemplo não é muito bom, pois os americanos são sabidamente ingênuos e simplórios. O fato de seu País (que foi descoberto em 1492, só 8 anos antes do Brasil) ser a maior potência econômica do mundo, com um Produto Interno Bruto que representa cerca de 1/3 do PIB mundial, que é 3 vezes maior que o PIB do 2º colocado e quase 10 vezes maior que o PIB do Brasil, decorre de uma maldosa combinação de caprichos divinos.

Mas esta é uma outra história, que fica para uma outra vez. O fato é que decidimos mudar o título do livro de Manual do Motociclista para Motociclismo Avançado. O novo título é um pouco mais pretensioso que gostaria, mas pela pesquisa feita ele sugere ao possível leitor que talvez exista algo sobre pilotagem de motos que ele pode eventualmente não conhecer.

Os livros impressos a partir de agora já terão o novo título. E sendo assim, o título do blog também será mudado para Motociclismo Avançado, e o endereço do blog passará a ser http://www.motociclismoavancado.blogspot.com/

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Oi, Pessoal

Até os 30 anos fui um aficionado por 4 rodas. Corri de Kart, Fórmula V, Super V e SuperKart, com relativo sucesso. Sempre faltou um pouco de dinheiro, e talvez um pouco de talento. Mesmo com amigos apaixonados por motos, só realmente me interessei por elas mais tarde, quando desisti de correr de automóvel.

Percebi então que uma boa motocicleta se aproxima muito de um veículo de competição, em termos de aceleração, frenagem e agilidade, e que, com cuidado, pode ser usada todo dia nas ruas e estradas. Mas, mesmo com experiência em pilotagem de competição, algumas coisas no comportamento das motos me incomodavam. Sentia que não conseguia dominá-las. Pareciam ter vontade própria, não obedecendo inteiramente meus comandos.

Decidi me aprofundar no assunto. Li centenas de publicações especializadas, sobretudo as ótimas revistas americanas e inglesas. Tive inúmeras motos, algumas sensacionais. Lembro especialmente da Honda CBR 450, Suzuki Bandit N600 e BMW S1100S. E descobri que as motos escondem segredos que poucos parecem conhecer, mas cujo estudo e entendimento são fundamentais para uma boa pilotagem.

Nos Estados Unidos fiz o curso avançado de pilotagem esportiva da California Superbike School, com 4 dias de duração na pista de MidOhio, pilotando as fantásticas Kawasaki 750R preparadas para competição. Keith Code, fundador e principal instrutor da escola, confirmou minhas suspeitas. A maioria dos motociclistas não entende o comportamento dinâmico das suas motos, e muitos pagam caro por isso.

Hoje, com mais de 60 anos, realizei um sonho. O Manual do Motociclista tem o objetivo de contribuir para melhorar o conhecimento e o desempenho dos milhões de motociclistas ativos no Brasil, e de encorajar ainda mais pessoas a experimentar a divertida e emocionante aventura de pilotar uma motocicleta.